quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A carta que eu gostaria de ter mandado

Querido José,
Escrevo sabendo que jamais terei coragem de enviar tal carta por qualquer meio que seja. De qualquer modo, me conforta o coração simplesmente escrever tudo que quero te falar.
Primeiramente quero que me note. Observe que estou sempre ali pra falar do ônibus que perdeu, do pastel estragado que comeu, da casca de banana que pisou e caiu, e infinitos assuntos banais mas que dão um gostinho de importância.
Em segundo lugar, peço que lembre que não sou simplesmente um cesto de problemas ou uma máquina de jogar incômodos. Que coloca ali e vai mexendo e pronto: problema resolvido. Não sou um objeto. Gosto de atenção. De falar as banalidades do meu dia ou de como esse corte de cabelo deixa seu rosto mais bonito. Ou então simplesmente ficar te olhando e continuar te olhando por quanto tempo der. Se infinitamente der, infinitamente te olharei.
Eu já falei uma vez, e provavelmente você nem vai lembrar, mas queria tanto uma chance pra gente. Pra eu, pra você. Eu sei que vai dar certo, mas também tenho medo. Tanto medo que nem sei. Só que também não dá pra ficar aqui esperando milagrosamente que você perceba tudo isso. Nem ficar implorando amor e atenção. Se ambos não vêm espontâneos, dispenso. Ter que mendigar é cruel. E não aceitaria se não viesse sinceramente.
Sei que tenho sido absurdamente chata, mas é que não tem como controlar essa minha vontade de falar. E se eu não o fizer, você também não o fará, e tenho medo de que fique apenas nisso.
Não sei se vou aguentar ficar aqui pra sempre esperando.
Eu vivo no caos e todo mundo vive também. Gosto do estrago mas perdoa essa tagarelice e não desiste de mim.
Nosso amor é mais.
Com amor,
M.

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