domingo, 4 de setembro de 2016

É que o meu lugar não é aqui


Vesti qualquer roupa e saí para mais um dia de trabalho. Peguei o ônibus de sempre e pela janela olhava além daquela vista. Olhava as pessoas, os prédios, os carros em alta velocidade e pensava o quanto tudo em volta nada a tinha a ver comigo. Sentada na minha mesa, eu olhava as janelas e pensava que onde estava era o último lugar que gostaria de estar. 
Você já se sentiu absolutamente deslocado a ponto de só a sua respiração e o som da sua voz fazerem sentido? Tem dias que só isso faz sentido pra mim. E a única solução parece ser ir embora. Desse lugar, dessas ruas, dessa cidade, desse trabalho, dessa universidade. Tem dias que milhões de questionamentos martelam minha cabeça mais que o normal. O que eu estou fazendo aqui? O que estou querendo com isso? O que, afinal, eu quero ser? Isso que eu sou? O que eu quero fazer? Aonde que eu quero ir? Que lugar eu realmente pertenço?
Eu só quero me descobrir e descobrir o mundo. E parece que nessa descoberta eu só consigo eliminar o que não sou. E só consigo eliminar o que não me encaixo. O meu lugar não é onde o exibicionismo reina, o fútil impera e o comodismo é o carro chefe da casa. 
Talvez seja o dia, o humor, os acontecimentos, o valor do dólar ou apenas ter acordado durante o ciclo do sono. Talvez seja apenas um grande carga de trabalho e fácil irritação que surge quando vejo gente com preguiça. Eu tenho preguiça de gente com preguiça. Eu gosto de gente que pensa e vai atrás. Gente que não tem medo de ver no que uma ideia vai dar. Eu gosto de gente que vive a vida. De gente que pula da piscina, que fala uma verdade no impulso e que não tem medo de demonstrar sentimentos. Eu gosto de gente que se liberta sem medo de perder. 
Há dias que parece que o papo de ninguém é legal. Há dias que me irrito com o jeito que as pessoas opinam sobre determinados assuntos. Há dias que eu vejo as pessoas falando, falando, falando. E eu não entendo nada. Há dias em que até o clima me incomoda. Há dias em que a música do meu fone não combina com o que eu vejo enquanto caminho. E, não me leve a mal, isso realmente não tem a ver com estar aqui, tem a ver comigo. O "problema", realmente, sou eu. 
Eu só quero descobrir - sem saber como se faz - o que realmente sou. Eu só quero descobrir de onde eu faço parte, como se eu fosse um elemento da tabela periódica. Os gases nobres não se reconhecem nos alcalinos, tampouco os alcalinos nos halogênios. E o elemento errado na família errada não faz sentido assim como não vejo sentido em certos dias. Se existisse, eu faria parte da família dos deslocados porque, tem dias que imagino não ser nada além disso: deslocada. Em volta, parece que nenhuma peça desse quebra-cabeças do mundo se encaixa comigo.


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