terça-feira, 14 de junho de 2016

Saudade do que não fomos


Essa noite senti falta dos seus pés enroscados nos meus, ainda que nunca tenhamos dividido uma cama. Senti falta de beber o chá que eu gosto, você esquentando a água e trazendo pro meu quarto, ainda que você não saiba em que rua da cidade fica a minha casa. Essa noite senti sua falta, mesmo que somando todo o tempo que estivemos juntos não chegue em 24 horas. 
Essa noite senti sua falta. Senti falta do que não somos. Senti falta do que queria que fossemos. Senti falta de imaginar seu sorriso em um momento aleatório do meu dia tedioso.
Essa noite senti falta das conversas durante a madrugada que nunca tivemos. Senti falta de você me oferecendo um halls do seu pacote pela metade. Senti falta do seu olhar sereno enquanto conversam sobre um assunto desinteressante. 
Essa noite senti falta das discussões sobre os filmes policiais que nunca assistiremos - juntos. Senti saudade de imaginar as roupas bonitas daquela loja do shopping em você, porque fazem muito o seu estilo. Senti saudade do jeito terno que você olha o dia amanhecendo. Senti saudade das dúvidas que carrega sobre a vida num olhar tão escuro quanto o céu de inverno.
Essa noite senti falta do jeito que você respira calmo enquanto dorme, mesmo que eu nem saiba como você dorme. Senti falta do seu sorriso sincero e dos seus lábios carnudos no meu pescoço.
Essa noite senti saudade das nossas mãos dadas e de como nossos dedos se encaixaram. Senti saudade de ouvir as músicas daquela banda que ambos curtimos, mas que não consegui mais ouvir desde que esse furacão que você é passou pela minha vida. E você nem é tão destruidor assim. É calmo, tranquilo, amável. Mas passou pela minha vida desse jeito, como um furacão: devastador para uma cidade pequena, que apesar de um pouco vazia, carrega tantas inseguranças quanto o vento que bate na janela nessa madrugada de vento sul.

"As histórias não precisam ser longas para serem de amor"

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