segunda-feira, 29 de setembro de 2014

"Permita-se desistir"

Encontrei o título desse post enquanto zapeava dia desses pelo instagram e fiquei muito tempo refletindo sobre o tal. Tanto tempo que abandonei o que estava estudando pra escrever usando essa frase de base.
Desistir não tem a ver com covardia. Também não tem a ver com falta de força de vontade e muito menos medo, em alguns casos. Pelo contrário. Desistir tem a ver com saber o que é melhor para si e saber a hora de parar, a hora de se respeitar, a hora de ver que não dá mais.
Uma vez eu desisti porque não aguentava mais me magoar tanto e não aguentava mais magoar os outros, ainda que não diretamente. Não existe um dia que eu não me arrependa disso. Não existe um dia que não pare pra pensar em como estaria minha vida se não tivesse desistido. E então refleti que desistir foi talvez o mais corajoso dos meus atos nos últimos tempos por simplesmente não fazer ideia do que aconteceria em seguida.
Quando desisti achava que estava jogando fora muitos dos momentos que tinha vivido no último ano e demorei pra acreditar que na verdade era o contrário. Os momentos não são simplesmente jogados dentro de uma lata de lixo. O que a gente vive, o que a gente sente, o que a gente fala e faz, nada disso vai pro lixo porque fica dentro de nós. Eu posso ter perdido um ou dois amigos, talvez muitos mais, mas esse tempo que passei com eles, que vivi com eles, que dividi e compartilhei desejos, medos, sonhos faz parte do que sou independente de como tudo ficou.
Sempre acreditei que quem tem que ficar fica, e quem tem que ir, vai. Que nada acontece por acaso e que de tudo podemos tirar uma lição (e posts para um blog). Desistir nunca teve a ver com insegurança e covardia. Desistir, no meu caso, teve a ver com resgatar os valores que aprendi nesses poucos anos de vida. Resgatar o que sou, e o que tinha deixado de ser por pequenas coisas.
Não vou dizer que jogar tudo por alto, se livrar e sair correndo é algo fácil e não gera arrependimentos. Gera sim. Mas por mais contraditório que isso possa ser desistir é uma vitória. No meu caso ganhei. E perdi. Precisei escolher entre a dor da perda ou a dor de enfrentar os próprios valores. Escolhi sofrer de consciência limpa apesar de ainda ter colapsos de arrependimento. Mas escolhi acima de tudo voltar a ser o que eu sou. 
Nem sempre estar em paz é melhor do que estar certo. Eu estava certa e estou em paz, ainda que um pedacinho do meu coração esteja faltando agora. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário